Ainda durante o período imperial um estudioso da mais alta valia estava em condições de escrever, com todo o amargor: "Trinta anos de desilusões, porém, assaz esclareceram o país. A política chamada da ordem e da moderação, suprimindo ou esquecendo a liberdade, não lhe deu em compensação a glória; e afinal, descrido, inquieto, saciado, vê-se o país atravessando os primeiros episódios de uma longa crise econômica, com os sinais do terror por toda a parte, e os horizontes a esclarecerem mais e mais. Ei-lo, pois, volvendo contrito aos altares da democracia, que não devera abandonar" (160) Nota do Autor.
No jogo dessa anarquia em que se dissolviam todas as formidáveis e rígidas diretivas essenciais e tradicionais do regime, soçobrando o predomínio central ante as novas componentes que se levantavam, enfraquecendo-se o regime mercê do advento de tempestades que ele próprio provocara, – nesse jogo difícil e obscuro que caracteriza os últimos anos em que vigora o império as diferenciações, conquanto difíceis e até perigosas, nos vão mostrando que as brechas, alargadas e aprofundadas, afetavam a estrutura íntima do edifício e deixavam-no como uma construção de alicerces solapados e fragílimos (161) Nota do Autor.
Nos últimos anos da sua trajetória o império não faz mais do que ceder. Ceder e retrair-se. A sua capacidade de luta e de absorção, que tantas mostras