Panorama do Segundo Império

seguinte apresenta projeto declarando livres todos os escravos que tivessem atingido 60 anos de idade. Aumentava ainda, os fundos criados pela lei de 71 para serem aplicados na alforria. A reação não se faz esperar. É um republicano que levanta a questão da confiança. O governo é derrotado. Votado o orçamento, dissolve-se a Câmara. As eleições gerais confirmariam os fatos. Por uma maioria de dois votos o governo sofre nova derrota. Saraiva não alcança melhor resultado. À custa de algumas transigências conseguira agrupar um número grande de partidários. Quando a lei estava no Senado, não quis continuar. Apresentou a sua demissão. É Cotegipe quem vai conseguir. Em 28 de setembro de 85, a lei é adotada pelo Senado e sancionada pelo imperador. Havia uma ressalva, porém. Os sexagenários ficavam libertos sob condição de servirem ainda por alguns anos aos seus senhores. A oposição não era tanto contra a lei. Mas contra o rumo que as coisas tomavam. Contra aceleração que aumentava sem cessar. Um dos adversários da lei vencedora declarara com grande dose de realismo político: "Se decretardes sem indenização a emancipação dos sexagenários, a propriedade servil estará moralmente destruída pela vossa lei, e essa propriedade não terá mais razão de ser na consciência do legislador".

Em 84, Amazonas e Ceará libertam os seus escravos. As condições do trabalho servil, na diferenciação progressiva do tempo, haviam tornado esse gênero de mão de obra pesado e oneroso para as lavouras decadentes ou deficitárias. Isso tornara possível a liberdade aparente de uns ante a aparente brutalidade de outros. S. Paulo, que contava já com uma considerável massa de imigrantes, não poderia sentir o problema

Panorama do Segundo Império - Página 366 - Thumb Visualização
Formato
Texto