Panorama do Segundo Império

com a mesma intensidade que a província do Rio de Janeiro e parte da de Minas Gerais.

A sorte estava lançada, porém. De 85 a 88 são três anos. Três anos de campanha parlamentar. Três anos de resistências. No fim a capitulação. Estava concluída a última etapa da decadência.

As mascas que assinalam o anseio pela federação, porém não aparecem tão claramente nem favorecem, dum modo tão empolgante, os processos da eloquência. Nabuco fará época com os seus discursos pela emancipação. Ele os ornará com a citação dos ingleses. Os Wilherforce, os Buxton, os membros das sociedades abolicionistas dum país em estágio adiantado de industrialização. A federação, entretanto, está mais fora do alcance desse jogo de impressões. A sua importância aparece, avultada e imperativa, aos estudiosos e aos diretamente vítimas do centro. Ela produz um Tavares Bastos. Mas Tavares Bastos é a pesquisa e o estudo, a tenacidade opaca, enquanto Nabuco é a atração, é clareza, é a arte dos contrastes nítidos e brilhantes. Os seus discursos em prol da descentralização ficam, em eloquência e beleza, longe daqueles que pronunciou em defesa dos escravos.

O surto provincial, entretanto, era notável. A proporção que a lavoura de café aumentava de valor na exportação, as províncias do centro-sul sentiam-se aptas ao governo de si mesmas e ciosas das suas prerrogativas. As consequências do Ato Adicional não haviam sido suficientes para essa descentralização necessária. E os seus preceitos apareciam como letra morta diante da ventosa central. Os conflitos entre as assembleias provinciais e os governadores estranhos enchiam o panorama político do tempo. Pessoas que nunca haviam passado pelo norte eram destinadas a presidir os negócios

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