Com a decadência dos domínios da Ásia, restava o Brasil, para campo aberto às atividades dos que desejassem enriquecer. No Brasil tudo os favorecia, tudo os animava, tudo os estimulava. É por isso que o comércio brasileiro fica, inteiramente quase, em mãos de portugueses, desde que preferiam os filhos da Europa a existência urbana aos misteres mais penosos do interior.
Daí deriva a rivalidade entre o interior nacionalista e o litoral português, que causa uma série de distúrbios e desequilíbrios na nossa evolução. O comércio das cidades litorâneas ficou, por todo o tempo da colônia e mesmo do império, nos seus primeiros anos, quase que em sua totalidade, em mãos de negociantes portugueses. Quando, no segundo império, o número de proprietários de casas comerciais brasileiros ultrapassa o de portugueses, e mesmo o de estrangeiros reunidos, havia cessado a onda migratória de muito e a entrada de elementos lusitanos estava neutralizada pela posse, por parte de nacionais, da maior parte do comércio.
Para avaliar as consequências do enfraquecimento da nação portuguesa basta correr os olhos pelas suas condições econômicas dos fins do século XVIII. As províncias da Estremadura e do Algarve viviam na maior penúria. O Alentejo aproveitava somente dois nonos de suas terras. Com exceção de uma parte de Trás-os-Montes, da Beira e do Minho que se converteu, no domínio da companhia da cultura de vinhos, em uma fonte de riqueza e de atividade, o restante do solo produzia o essencial para matar a fome das populações que o habitavam.
A queda do comércio exterior, tomada mercadoria a mercadoria, vem provar o declínio português. O trigo, o centeio, o milho não entravam mais na exportação.