Panorama do Segundo Império

As colheitas da azeitona tinham diminuído. Já se comprava azeite aos povos vizinhos. Importava-se o arroz, o trigo e vários outros produtos destinados à alimentação. Os vínculos se convertiam em desertos. As grandes propriedades mortas na posse absoluta, inalienáveis que eram, transformavam-se em solidões. Aos que as habitavam era necessário mandar vir de fora os seus alimentos, as suas vestes, os seus utensílios. Portugal estava parado e assistia ao desenvolvimento europeu ainda estratificado em formas econômicas as mais primitivas.

Em tal declínio, entretanto, a balança comercial lusitana apresenta saldo favorável. Em 1806 esse saldo atingira a 6.814:583$360. Resultado duma diferença, entre a exportação e a importação, em que aquela correspondia a 23.253:505$141, e esta a 16.440:921$781. Figura como primeira compradora e vendedora a Inglaterra. Correspondendo o desenvolvimento inglês ao ponto crítico da decadência lusitana, rompia-se a linha de menor resistência, e a industrialização britânica, apoiando o notável surto colonial, havia de transformar Portugal numa dependência, arrancando aos seus dirigentes toda a espécie de tratados, verdadeiramente unilaterais e denominados de "aliança".

Em seguida, vinham, umas comprando mais, outras vendendo mais, França, Rússia, Hamburgo, Itália, Holanda, Espanha, reinos africanos do Mediterrâneo, Estados Unidos da América do Norte e Suécia.

Não nos deve espantar, porém, o movimento da balança comercial ultramarina. Ela vem explicar a nossa argumentação, tendente a provar que a separação era uma cousa iniludível e inadiável. Porque, no cômputo da exportação, entravam 14.153:752$891 enviados do Brasil. Portugal ganhava duplamente. Via o saldo do seu comércio exterior apoiar-se na produção

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