homem que desempenhava as funções de imperador quando Deodoro se resolve ou quando Floriano acede, quando uns e outros decidem a cartada decisiva, um só argumento os detém: que será feito de D. Pedro? Ora, quando um regime se contrai tanto que se polariza num homem, quando um organismo político é tão frágil que se não pensa, para destruí-lo, nos seus princípios, mas na amizade que se tem por um indivíduo, é por que se alheou de tal formadas necessidades e das forças do país que, morto esse homem, finda-se e se esfacela esse regime.
No fundo, era essa a esperança de uns e outros: que a morte daquele velho abafasse os últimos escrúpulos. E pudessem agir e deixar agir com liberdade. Daí tentarem iludir a si mesmos com argumentos de segunda ordem, como o da influência que teria o príncipe consorte na marcha política do terceiro império. Na realidade, tudo isso eram as aparências. A única coisa positiva é que o império agonizava.
Liberais e conservadores tinham consciência dessa agonia que se vinha prolongando, traumatizada aqui e ali por algum abalo mais forte. À medida que se sucediam no poder, à medida que passavam à oposição, vincavam-se mais os traços do conformismo com a derrocada próxima. Nos últimos tempos, mercê da marcha da decomposição – ideia federativa, ideia abolicionista, crise econômica, crise de autoridade, etc. – os tradicionais partidos cindiam-se, dividiam-se, espraiavam-se no remanso de todas as campanhas, confundiam os princípios que eram a razão de ser das suas existências e das suas condutas. Conservadores realizavam, no poder, medidas e reformas que liberais haviam levantado e defendido. Os estatutos partidários não tinham a separá-los e a distingui-los senão a linha tênue e imprecisa