Panorama do Segundo Império

do personalismo. Na oposição a refrega obrigava, muita vez, a que a restrição imposta ao adversário se estendesse aos princípios fundamentais do regime. No poder, de quando em quando, os donos da situação sentiam os abalos que faziam estremecer as instituições. Nada mais, a não ser a gratidão e o preconceito da uniformidade de proceder, os prendia àquele edifício cheio de brechas, que começava a aluir.

Quando o treze de maio corta as últimas amarras que prendiam o regime aos interesses, já consideravelmente reduzidos, dos brasileiros, nada mais resta senão esperar o instante derradeiro. O problema do elemento servil iria secionar os partidos. Liberais dividiam-se em extremados e moderados. Conservadores apresentavam toda uma gama de opiniões. Parte deles não merecia a confiança da lavoura. A outra parte se colocava em ponto de vista intransigente, não admitindo a abolição. Apoiando ora a uns ora a outros, – desde que estivessem na oposição, – os republicanos auferiam vantagens de ambos e a ambos enfraqueciam.

Um decênio antes do motim que derrocou as instituições, a extrema esquerda dos liberais esposava a ideia revisionista. Fundava-se, em S. Paulo, "A Constituinte". E lançavam-se os pontos principais:

– descentralização, pela adoção da forma federativa;

– autonomia municipal;

– temporariedade do Senado;

– supressão do Conselho de Estado;

– responsabilidade do executivo pelos atos do poder moderador;

– separação entre a Igreja e o Estado.

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