Panorama do Segundo Império

podia fazê-los perder grande parte do eleitorado do interior, mormente no seu reduto que era S. Paulo. Martinho Prado Junior, numa circular aos seus partidários, em 1881, por ocasião das eleições, frisava bem: "a argumentação em prol da manutenção de escravidão... nada deixava de desejar" e chamava "visionários e utopistas" os que anunciavam a abolição para de então a seis ou dez anos (167) Nota do Autor.

Entre os liberais e republicanos havia ainda grandes proprietários de terras e de escravos. O compromisso em não alterar o regime, no que tocava ao elemento servil, não era apenas uma isca eleitoral, era uma defesa própria...

Em 1884, Dantas lança o projeto audacioso: liberdade dos sexagenários, localização dos escravos, ampliação do fundo de emancipação. Seria um golpe. Não o definitivo, porém. Isso basta para cindir o partido. Na consulta ao eleitorado a luta encontra, defrontando-se, os correligionários da véspera. O acirramento é tal que os que tinham ficado com o chefe do gabinete incitavam os amigos a votarem nos adversários conservadores ou republicanos, a avolumar a votação dos desavindos, que se opunham ao projeto Dantas.

Em 1887, Antonio Prado, chefe da União Conservadora, defensora da propriedade servil, lança-se nos braços dos abolicionistas. A abolição que ele quer é sumamente original: ficando o escravo a trabalhar para o seu senhor, gratuitamente, durante alguns anos (168) Nota do Autor.

Em 1888, um ano antes da queda da monarquia, dias depois do treze de maio, reúne-se o congresso do

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