entregue às próprias dores e aos próprios males, sem um gesto de ajuda, sem um amparo, sem um auxílio.
Quer a verdade política que, aqueles que tenham sido firmes e sinceros aliados se tornem em violentos e ásperos inimigos tão logo se rompa o equilíbrio da identidade de interesses que os mantém juntos. Não foi o que se deu entre o segundo império e as forças que se foram afastando dele, que o foram abandonando. Elas se recolheram, mais do que ao ímpeto raivoso, mais do que ao desejo de ruína, a uma sorte de conformismo, a uma sorte de calmaria, a uma sorte de indiferentismo, – que marcou o isolamento imperial e permitiu as avançadas do partido republicano, ou melhor, do agrupamento republicano que, como partido, não influía na marcha dos acontecimentos.
Não influía como partido, é verdade. Mas tinha, ao seu lado, insensivelmente, em todos os momentos culminantes da luta parlamentar, em todas as investidas contra a coroa, os homens dos dois partidos tradicionais que, ou se uniam à novel agremiação nas votações, ou se abstinham, ou não a combatiam. Republicanos conseguiram triunfos na câmara, à custa do prestígio da oposição arregimentada pelos conservadores ou liberais. Houve cisão entre estes em que os adversários conclamavam, nas palavras ao eleitorado, que votassem nos republicanos a votar nos que se haviam separado deles.
O partido republicano não venceu o império. Colheu-o. Não o derrubou. Penetrou num edifício arruinado. Não o destruiu. Assistiu ao seu esboroamento. Consumada a catástrofe limitou-se a tomar posse da direção da cousa pública. Como um exército minúsculo que tomasse uma praça abandonada.