Panorama do Segundo Império

Se, no momento em que o regime imperial atravessava uma crise, na ocasião mesma em que se pronunciavam os novos rumos dos acontecimentos, os republicanos deviam tomar atitude tão decisiva, vindo a público, com um manifesto magnífico e lúcido, para conclamar a reunião de todas as forças da nacionalidade nas suas hostes apagadas e pequeninas, – quando o império se refaz, por algum tempo, dessa descaída brusca, acarretada pela luta externa, e retoma a sua estrada larga e aberta de centralização, de absorção, de reunião de poderes, em um núcleo donde irradiavam todas as medidas e todas as resoluções, – esse mesmo agrupamento de homens, que havia descrito com tanta lucidez o panorama e os erros da máquina montada, une-se ao regime que havia combatido, solidariza-se com ele, esfacela-se e se dispersa.

O império, no seu ventre enorme e hospitaleiro, havia absorvido esses elementos de indisciplina e de livre exame que haviam tentado levantar as cabeças para clamar contra tudo aquilo e reunir-se em partido destinado a fazer frente aos que se revezavam no poder e espelhavam a força e as diretivas da máquina imperial.

Em Itu, no ano seguinte, reúnem-se outros republicanos. Outros, porque muitos dos que haviam assinado o manifesto brilhante e realista, já se haviam bandeado para as hostes dominadoras. Era uma nova tentativa de arregimentação de forças. Essa, sim, revelando um agrupamento político apreciável conquanto regional. Do congresso ou convenção de Itu, saem os grandes republicanos, que tinham força eleitoral, que tinham prestígio, que representavam alguma coisa de ponderável, que assumiriam, por isso mesmo, a direção

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