de arbustos enfezados, cujo verde escuro contrasta com a cor da praia. O céu, a esse tempo — começo de junho de 1820 — estava sem nuvens, mas não ostentava esse azul carregado e esplendoroso que eu tanto admirara nas regiões equinociais. A sua cor era mais ou menos a do céu do norte da França, na linda época das geadas. Não existia nessas paragens um casebre sequer, nem o mais apagado vestígio da presença do homem. Só os pássaros marinhos, dos quais distingui oito espécies, emprestavam algum movimento a essa paisagem triste e despovoada. Inúmeras gaivotas de cabeça cinzenta, enfileiradas na areia, quase imóveis, voltadas para o mar, esperavam o momento em que as ondas, chegando aos seus pés, lhes trouxessem o seu alimento. As marias velhas, ou gaivotas grandes, de mistura com as primeiras, mas em menor número, estavam de espreita aos peixinhos. Os manoelzinhos, ou massaricos, de pescoço estendido e com a cabeça colocada na mesma linha do dorso, corriam velozmente na praia, assemelhando-se de longe a pequenos quadrúpedes. Muitas espécies de andorinhas do mar, ou trinta reis, vinham pousar entre as gaivotas, para logo retomarem o seu voo. Enfim, baiagus, que andam ordinariamente aos pares, mantinham-se a alguma distância do mar.