Um diplomata brasileiro na corte de Inglaterra: o Barão de Penedo e sua época

comunhão da língua, dos máus costumes e do servilismo".(*) Nota do Autor

Foi assim "amorfo e dissolvido", outros disseram "bestificado" que o povo assistiu à "transformação política, quiçá outra forma de Governo", prevista por Penedo em 1888.

De Paris, Penedo se espantara menos com o advento da "desconhecida", como logo batizaram a nascente República. E por isso, recusou galhardamente partir o bródio da traição ao seu Imperador:

"Paris, 23 de novembro de 1889.

Exmo. Snr. Conselheiro Ruy Barboza.

Em telegrama de 18 do corrente, junto por cópia, resumindo os acontecimentos extraordinários sobrevindos no Rio de Janeiro, comunica-me V. Exa. achar-se constituida a República dos Estados Unidos do Brasil; ter já partido para a Europa o Imperador e a Família Imperial; estar organizado um Govêrno Provisorio do qual faz parte V. Exa. como Ministro da Fazenda; e conclue dizendo - "que o Govêrno Provisório espera o concurso ativo do meu patriotismo, experiência e consideração na Europa".

Em resposta à sua atenciosa comunicação, cumpre-me dizer a V. Exa. que, há quase quarenta anos, tenho tido a honra de representar o Brasil na América e na Europa como Ministro do Imperador; e não é, ao findar - tão longa carreira Diplomática, que me seria possível, sem esquecer todo o meu passado, entrar no serviço de um novo regime, destinado à substituir a Monarchia abolida no Brasil.

É geralmente sabida por todos, que me conhecem no meu país e na Europa, a dedicação profunda que sempre tributei ao meu Venerável Monarca, à quem sou devedor de amizade e gratidão. Estes sentimentos para com Ele, hoje desentronizado, são ainda, se é possível, para mim mais respeitáveis; e tornam-me incompativel com o novo estado de cousas.

Um diplomata brasileiro na corte de Inglaterra: o Barão de Penedo e sua época - Página 441 - Thumb Visualização
Formato
Texto