Um diplomata brasileiro na corte de Inglaterra: o Barão de Penedo e sua época

Essa "franqueza e lealdade" do padre Lopes Gama deu muito que fazer ao grupo de Olinda.

Começando pelos professores, o padre descobre os fracos da maioria, sem dó nem piedade.

Vale-se dos relatórios que por lei deve apresentar ao Governo e fala abertamente.

Entre as causas do pouco rendimento da Academia, que se tornara uma decepção geral, o padre Gama aponta alguns dos lentes escolhidos "por escandaloso patronato", sem gozar de "nenhum crédito literário".

O rigor de seu julgamento se vasa numa linguagem dura, "com poucas e honrosas exceções, só se cuidou de arranjar afilhados, de sorte que homens, que sempre foram conhecidos por zeros na República das letras, estão ocupando os importantíssimos lugares de lentes nas Academias jurídicas do Brasil".

Mais adiante atenua essa aspereza, quando pondera que devotamento às letras não se exige de um lente para, com sacrifício da saúde, dedicar-se ao ensino jurídico "pelo triste ordenado de um conto e duzentos mil-réis, numa província, onde os víveres, onde tudo se vende por preço exorbitante"?

Para se avaliar da meticulosidade do padre basta ver que reparava na roupa dos lentes que, em vez de beca, se apresentavam de sobrecasaca e calça de brim, e "nesta sem-cerimônia" presidem aos atos mais solenes da vida escolar.

Que não acharia ele dos estudantes?

Em verdade era uma revolução naquela amável família espiritual.

Carvalho Moreira, com seus traços de independência pessoal, cioso do amor-próprio, entregando-se ao estudo para dispensar a tolerância dos lentes, não se adaptaria facilmente à situação criada.

A rebeldia do estudante se fortalecia com uma necessidade de mostrar coragem e desempenho, que ao provinciano se afigurava como a firmeza do caráter.

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