Um diplomata brasileiro na corte de Inglaterra: o Barão de Penedo e sua época

Os pormenores da descrição arrancavam risinhos e mesmo gargalhadas do auditório. O Imperador aproxima-se curioso, indagando de que se tratava. Wanderley toma a cor do camarão e sente que lhe escapou a presença de espírito para enfrentar o inesperado. Mas um dos ouvintes salva a situação:

"O Sr. Cotegipe acaba de nos contar que ontem atirou uma lança em África."

O Imperador dá-se por satisfeito.

Não admira, pois, que, sob o influxo desse ambiente cheio de poetas e epigramistas, penetrado de intelectualismo, a mocidade de Moreira se entusiasme a ponto de versejar.

Autos e processos para o lado, esquecida a chicana pelo advogado, surge outra personalidade pouco revelada até hoje, conhecida apenas de um ou outro de seus íntimos, como Eduardo Prado, - um bom tradutor de poesias estrangeiras.

Todos os homens são, uns mais outros menos, poetas a seu jeito.

Assim, nesta primeira fase de sua existência, Moreira aparece como o tradutor anônimo de alguns poemas eróticos da velha literatura gaulesa.

Com o dístico latino diversos diversa juvant, meio em correlação com seu grupo, sai o trovador timidamente a campo:

"Há por aí neste mundo de Cristo uma turba imensa de enjeitados da Musa, versejadores sem estro e sem nome. Privados do fogo sagrado que só é dado aos poetas, e resignado à sua humilde sorte, aproveitam a folga e o lazer para trovarem e rimarem.

As trovas e as rimas, porém acodem-lhes ao espírito baldas do sopro divino da poesia, forçadas e sem valor, como essas ervas bravias e sem préstimo, que brotam e rebrotam em campo estéril ou mal cultivado.

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