Um diplomata brasileiro na corte de Inglaterra: o Barão de Penedo e sua época

Nessa numerosa grei de rimadores se encontrará facilmente o tradutor destes versos."

Essa a apresentação do autor de um opúsculo intitulado Idades e Aventuras. Publicado sem lugar nem data, só a tradição de família revelou a custo o tradutor que "guardando o seu próprio incógnito, não quer trair o dos outros."

Prudente e comedido, Carvalho Moreira oferece na tradução desses versos a malícia de que era capaz o humor de seu espírito sarcástico. Não será injustiça dizer que aqui uma vez mais a tradução superou o original.

Três composições de extensão diversa aparecem nas Idades e Aventuras. Depois das "Idades do homem" vêm as "Idades da Mulher", finalizando com "Os infortunios de Ema".

De fundo sensual, o seu erotismo está mais em quem lê do que na leitura.

O enjeitado da musa, após muitas cautelas, começa enfim:

AS IDADES DO HOMEM

"O Deosinho que tanto se ha glosado,

E que noite e dia está sempre a bulir,

É botão de rosa em nossa infancia,

Uma flôr a bom fruto produzir;

Um passarinho virgem de plumagem

Que ele espera para os vôos alargar;

Brinquinho que sacodem as crianças

Assobio em que amor ha de assoprar.



Aos dez anos deixando a sua concha

Este bichinho é linda borboleta,

Que se mexe, se agita, e que pulula,

É uma enguia, ou mesmo uma carpeta.

É um raminho em que circula a seiva

Para em breve do amor ser enxertado,

Embolo que se abaixa e se levanta,

Um fanfarrão, brejeiro rematado.

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