Analisa, Câmara, depois de curto esboço histórico dos descobrimentos de jazidas auríferas, (das Minas Gerais), as dificuldades surgidas no meneio das minas, conduzido por homens inexperientes.
Se bem que de modo menos claro, entretanto compreensível para quem está afeito a esse gênero de atividade técnica, Câmara mostra como evoluiu a indústria extrativa do ouro, desde o aproveitamento dos depósitos aluviais, das encostas e de cuja experiência adquirida decorreu o ataque aos depósitos aluvionários, sejam nos terraços de rios, sejam naqueles existentes nos próprios leitos dos córregos e maiores cursos d'água.
Finalmente, revolvidos os melhores depósitos auríferos, os mineiros sentiram-se impelidos a investigar a origem das jazidas secundárias e descobriram suas matrizes, os veeiros.
A dificuldade em apurar o ouro aluvionário, devida muitas vêzes ao elevado teor em "esmeril" (hematita, magnetite e ilmenita) já havia sido assinalada por Câmara, quando descreveu a composição do cascalho. Interessante é que assinala o autora presença de terraços (tabuleiros) elevados, observação essa posteriormente confirmada por outros geólogos, como fenômeno de evolução geomorfológica do Brasil, desde o terciário até o plistoceno. Deste fato se infere a antiguidade do processo erosivo que destruiu enormes volumes de rochas auríferas, à custa dos quais se formaram os depósitos auríferos secundários da região Central de Minas Gerais. Na descrição dos veeiros (betas), distingue certo tipo cujos minerais intersticiais (calcita, dolomita, hidrossilicatos) teriam sofrido decomposição ou lixiviação dos carbonatos, de que resultou uma rocha aurífera friável; o segundo tipo, quartzítico-micáceo, é mais compacto e formado, algumas vezes, por vários veios paralelos e formados pelo agregado de quartzo, calcita (ou dolomita), mica, hematita e magnetita. Neste tipo ainda distingue Câmara outras variedades do ponto de vista estrutural e de composição mineralógica. Parece-nos que, no tempo em que Câmara estudou as jazidas auríferas, os trabalhos de lavra não tinham atingido profundidade maior do que aquela correspondente à zona de decomposição dos minerais sulfurados, isto é, a zona denominada pelos antigos mineiros europeus de gossan ou chapéu de ferro.
No capítulo 4º da memória, Câmara faz uma crítica aos processos usados pelos mineiros, no tratamento do cascalho, para extração do ouro e chama a atenção para a perda do