ao fim do reinado do Snr. D. João 5º. São sobremaneira dignas de atenção as reflexões de Duarte Ribeiro de Macedo, e de Alexandre de Gusmão: Lembrava o primeiro, visto o golpe que o comercio português tinha sofrido de Ceilão, e outros portos do oriente, o aumento da agricultura de manufaturas e artes em Portugal: - O segundo, atencendo a diminuição que já então havia nas minas, pretendeu algum melhoramento, pondo aos olhos do Snr. D. João 5º, que a monarquia não podia subsistir com o mesmo sistema que até então havia seguido, porque firmando-se a renda, e o balanço do comércio da nação na extração do ouro - uma vez que este diminuisse, e as despezas não diminuissem à proporção, a nação se arruinaria de todo, gastando o seu patrimonio, que consistia em moeda.
Os gloriosos feitos e ilustres ações do grande monarca o Snr. D. José 1º, animando as artes e a agricultura, e principalmente as do Brasil, fizeram com que a nação não sentisse os estragos desta profecia política. O produto da agricultura e fabricas do reino, e os direitos que pagam os generos do Brasil, cujo aumento tem sido assas considerável, indenizam a nação do que vai perdendo na extração do ouro; que hoje em dia não iguala ao terço no valor dos generos. Era necessário que assim fôsse - porque as minas, aumentado o número dos mineiros, diminuíam; a agricultura, porém crescia de dia em dia.
Em tais circunstâncias é inegável, que as minas foram de grande proveito à nação portuguesa, corrompida pelo luxo, e sem riquezas: é igualmente certo, que a agricultura do Brasil e do Reino, supriram o defeito das minas; e que este ramo se deve considerar como o mais estável e interessante à nação portuguesa.
Mas como a nação que tem industria, agricultura e comércio e minas é mais rica que outra, que tendo indústria, agricultura e comércio, não tem minas, claro fica que só por esta razão devem as minas ser fomentadas. De mais como nenhuma nação, por mais ativa e industriosa que seja, pode bastar a si própria, por não poder ter todos os generos de primeira necessidade, luxo ou capricho, porque a natureza não dá a todas tudo - nem Portugal pode em breve tempo, e nas atuais circunstâncias ter os generos precisos a seu consumo, e que sirvam à permutação dos estrangeiros - temos por consequência, que o remédio mais pronto é o de animar as minas, e tirar delas todo o partido