com que possa pagar o que recebe de fora, e pôr-se êle mesmo no estado de independência.
Movido por estas reflexões, que em breve hei ponderado, não tendo tanta falta de zelo patriótico, que não procurasse quanto estava da minha parte a utilidade do Estado, pois que a falta de consideração, que merece este grande manancial de riqueza, tem conduzido à tão grande quebra do Erário - fiador da Segurança Pública pensei, que cumpria publicar o mesmo, que já havia tempo tinha sobre esta matéria pensado, e se não agradar a todos, saibam que um homem dado às coisas, nem sempre cuida de palavras.
Este serviço por sua novidade, penso eu, não desagradará ainda aos que não são mineiros. Ao bom cidadão, que deseja o aumento e gloria de sua patria, também agradará por se conformar com as suas pretensões. Aos mineiros finalmente ainda que destroi grande parte do que julgam por uma muitas vezes errada experiência, saber, não agradará talvez - mas aos não preocupados, julgo, farei serviço. A todos, porém, farei ver o estado primeiro das nossas minas de ouro: a perda que o corpo do Estado, e nossos Soberanos têm sofrido na extração delas; os meios e cautelas que se devem fazer pôr na extração das que restam e descobrimento de novas: e esforçar-me-ei por último a mostrar a utilidade que resultará de um novo sistema economico da extração; exporei minhas idéias ainda que curtas e toscas com a clareza possível: pararei onde pararem meus conhecimentos, protestando esmerar-me em adquirir novos, com que possa utilizar a nação. Quando uma nação dá tudo à extração, e despreza a Indústria e a Agricultura por isso se cái, e se arruina não deve atribuir-se às minas, mas a seu mau governo e política.
Seção 1ª Capítulo 1º
Primeiro estado das minas do Brasil, compreendendo seu descobrimento e progresso.
Se procurarmos a origem das nossas minas e a época do seu descobrimento, achâmo-la em 1693 - se o seu descobridor, atribuida esta gloria a Antonio Rodrigues Arzão, a Bartolomeu Bueno de Cerqueira, e a Carlos Pedrozo da Silveira. O primeiro sem dúvida, tendo penetrado primeiramente nos sertões das Minas Gerais, chegou ao rio