O rei filósofo: vida de D. Pedro II

I

O PRÍNCIPE IMPERIAL


Às duas horas e meia da madrugada de 2 de dezembro de 1825, o cirurgião Guimarães Peixoto anunciou às damas, aos camaristas, à criadagem que se dissimulava pelos cantos da antecâmara imperial, que Sua Majestade D. Leopoldina acabava de ter um filho varão.

D. Pedro I arremessou-se, num ímpeto de regozijo, para o vasto leito de mogno. Sobre a branca travesseira repousava a cabeça aureolada d'oiro, de cabelos soltos, a Imperatriz, serena e pálida como se as vivas cores de sua face alemã se tivessem diluído na indizível emoção da maternidade. As aias corriam, com os utensílios, numa azáfama silenciosa e risonha, de colmeia desafogada, pela alegria do bom sucesso. Fora feliz o parto, como os outros, das princesinhas Januaria, Francisca e Paula, confiados também à perícia milagrosa do médico Peixoto. Um menino! O Imperador debruçou-se enternecidamente sobre aquelas 23,5 polegadas de gente - segundo o relatório do doutor, que o Diario Fluminense publicou no mesmo dia. Era um homem! Mexia-se, nas suas cambraias com corinto

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