bordadas, um minúsculo ser, que valia para ele a segurança da Casa continuada, da dinastia garantida, do Brasil apaziguado - porque D. Pedro II (assim se chamaria!) era brasileiro.
- Senhor brigadeiro, apresente Sua Alteza Imperial à corte! Disse o monarca, levantando nos braços o pequeno volume.
Francisco de Lima e Silva, veador da Imperatriz, de serviço no Paço àquela hora, adiantou-se, fazendo refulgir, ao lume dos candelabros, o uniforme azul agaloado, as dragonas, que lhe tremiam nos ombros os cachos largos, o punho do grande sabre que riscava o assoalho. Curvou-se, numa reverência profunda, e recebeu nas mãos abertas a criança. Elevou-a à altura dos olhos, com o respeitoso cuidado que teria o pastor da Judeia suspendendo do palheiro o Menino Jesus; e deu dous passos na sala. A sua voz forte repercutiu pelo aposento discretamente alumiado:
- Sua Alteza, o Príncipe herdeiro do Brasil...
De pé, na moldura da porta, D. Pedro I - de jaleco verde, as bochechas rosadas espetadas pelas pontas do colarinho, revolta a grenha bronzeada, sorria. O exército carregava o seu pimpolho... As açafatas de vestido amarelo, os velhos fidalgos de casaca verde, os semanários, de grossa chave doirada pendurada dos botões da farda, achavam o recém-nascido uma lindeza, um mimo, uma joia. Seria alvo e loiro, como a arquiduquesa sua mãe; rijo e sadio, como o pai, cujo pulso atlético o Império conhecia... "O único entre os brasileiros que liga o presente ao passado", rosnariam, pelas galerias, os políticos, numa frase que Saint-Hilaire teria de escrever. O prolongamento da monarquia na América, registou, logo em 3 de