O rei filósofo: vida de D. Pedro II

dezembro, o Senado da Câmara, mandando iluminar, por mais quatro dias, as fachadas das casas, para que a cidade patenteasse as suas alvissaras. O futuro, sim senhores - remataria o Imperador, certo de que lhe sucederia no trono um dia, talvez próximo, porque a maldição dos Braganças matava apenas - e invariavelmente - os primogênitos: tirara-lhe, em 1822, o seu pobre D. João Carlos.

Por isso mesmo o Espectador Brasileiro avisava aos súditos, em 10 de dezembro: "Não temos a temer as convulsões que, por duas vezes, atacaram o príncipe D. João, uns poucos dias depois de batizado... Consta-nos que S. A. I. não tem sofrido o menor incômodo, apesar da inconstância da estação"...

Estremecia de profético entusiasmo o jornalista: "A Providência vigia ao lado do seu berço, e fora, nos pórticos do Paço, o Gênio do Brasil está de sentinela efetiva".

Amável literatura: além dos archeiros de bicórneo emplumado e uniformes verdes, que faziam a guarda do palácio, gemiam e torciam-se ao vento as grandes árvores da Quinta. Essa indistinta e grave música de ramagens estalando em roda do casarão, ou, nos calmos dias de sol, a passarada a cantar, enquanto o doce ruído de águas correntes propagava a misteriosa sinfonia da mata tropical - foram os rumores que embalaram, no seu pesado berço de castanho, o querido menino.

E que esplêndida festa se fez pelo batizado!

Em 9 de dezembro, às cinco da tarde, em grande gala, desfilou a nobreza, pelo passadiço entre a ucharia e a capela imperial, precedendo ao palio, a cujas varas iam os primeiros homens do governo, levando nos braços

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