Portugal, no Brasil, essa geração de românticos pálidos que, singularmente, contrastava com a selvagem alegria do meio, a festa das estações, o colorido e as violências do trópico. Pois D. Pedro era ali o menino-símbolo.
A sua instrução tinha de ser exemplar, a compostura, a gravidade, absolutamente impecáveis.
No dia seguinte à partida dos pais, só havia em S. Cristóvão uma preocupação: fazer depressa, do "órfão da pátria", o Imperador.
Mas, rapidamente, como se fora em plástica de escultura, que os dedos modelam, corrigindo aqui, melhorando acolá, conforme a imagem que se copia. Esta era a d'algum rei da Bíblia - para as ilustres senhoras, para Dadama e o seu "Catecismo Historico" ou a de Luiz XIV - para os camaristas voltairianos. Um David, um Salomão, um Rei Sol. Tinha cinco anos... Não importava! Nascera nos degraus do trono e a monarquia sobrevivia com ele. Se desaparecesse, se falhasse, também ela acabaria. Mãos à obra, portanto. Que estudasse, que se convencesse de sua posição, que fosse como os príncipes excelsos, justos como santos, instruídos como sábios, de halo místico, sobre a corem...
Essa orientação, dada à formação mental de D. Pedro II, somou-se à viva hereditariedade materna.
Mais Habsburgo do que Bragança-Bourbon, pouco se parecia com o heroico pai soldado: pertencia à estirpe de D. Leopoldina pelo largo queixo austríaco, que lembrava o Felipe IV de Velasquez, os olhos azuis, a estatura acima da normal, que na mocidade o assemelharia - com a fina barba loira, destinada talvez a atenuar o prognatismo, e a face austríaca, a um arquiduque de Viena, - sobretudo pelo gosto dos estudos