- Meu caro Motta Maia, agradeço a franqueza de sua advertência. Ela, contudo, não me surpreende. Já o sabia. Tenho pensado bastante sobre o caso, e tomei uma resolução. Quero acolher-me a um convento e acabar como Carlos V. Veja se me acha algum que me receba. Faço questão de uma cousa: que os frades sejam ledores, e tenham uma boa biblioteca... Só me pesa o ter de me separar de alguns poucos amigos, e entre eles de você, que vai me fazer muita falta.
- Senhor, Vossa Majestade não deve pôr em dúvida, que para onde quer que vá, fielmente será por mim acompanhado.
- Tinha disto certeza, mas desejava o prazer de ouvi-lo de sua boca.
Estreitaram-se as mãos. E continuaram, mudos, o seu passeio pesaroso. Os pés tropeçavam naquela terra estrangeira, mas o pensamento voara para o Brasil...
Em 12 de julho, escrevia ao visconde de Taunay: "Vou passando bem, e com proveito para os meus estudos linguísticos e históricos. Passeio por estes lugares lindíssimos; falta-me porém a sociedade que mais me agrada. Breve irei para Baden-Baden por causa de meu tratamento de duchas e de ginástica..." A luz crua, do verão meridional, varria desânimos e dores. A natureza banhada de sol fazia-lhe lembrar o velho Felix Taunay doido pela botânica... "Nunca me esquecerei do que devo a seu pai". Nenhuma palavra de negócios, de política, de revolta: "Reenvio-lhe o seu folheto sobre o Paraná anotado por mim..."
A princesa quis que o pai fosse fortalecer em Paris a saúde convalescente. Lá hospedou-se com o conde de Nioac. Esqueceu depressa as religiosas intenções de Cannes: e saiu a visitar academias, museus, institutos, congressos, disputado pelos seus sábios amigos