Qual? - O decreto do meu banimento... para não assistir a novos adesismos!
Sorriram.
Alternavam-se-lhe os dias desafogados, de animação mental, e os desânimos largos. Estava quase alegre num jantar de Nioac, quando lamentou não ter assistido a uma conferência do ex-padre Jacinto Luyson, que se rebelara contra Roma. D. Isabel pretendeu repreendê-lo: Papai! O Imperador confirmou:
- O padre Jacinto pretende regenerar e não demolir a Igreja. Ouvi-lo não importa aderir às suas ideias, nem dar força à sua propaganda. É mesmo meio de poder combatê-lo melhor, com pleno conhecimento de causa. Demais, é homem inteligente, orador célebre, instruído, animado de fé. Querem saber de uma cousa? A mim não se me daria ouvir o próprio Diabo, se ele se propusesse a realizar conferências públicas.
A princesa protestava. D. Pedro II concluiu:
- Sim, senhora, o Diabo em pessoa... Devia ser sumamente curioso, mormente sobre revoluções...
Riu-se então. E era tão raro! Sempre fora assim: curioso sem partido, sem preferências, sem preconceitos. Ajudara a seus adversários, ouvira os detratores, empregara os que o atacavam, apurando, com a neutralidade que frei Pedro de Santa Mariana lhe ensinara, os imprevistos da inteligência... Pois não lera, na sinagoga de Londres, os versículos hebraicos, como se daria por feliz de traduzir árabe em Meca, junto da pedra do profeta? Gostava do Instituto de França: a ciência, impelida sem rumo, por uma força impávida...
Fugiu aos frios de novembro, voltando ao seu refúgio de Cannes. Em janeiro de 91, desolava-se com o silêncio da pátria: