O rei filósofo: vida de D. Pedro II

a inteligência tornou-se muito mais apta para as matemáticas; reconheço-o sobretudo pela leitura dos Compterendus, que vou anotando conforme o que sei, e mais estudo para melhor fazê-lo.. Infelizmente não estamos na época musical de Paris. Arrisquei alguns passeios pelo Parnaso, sobretudo traduções, como a do poema de Lucrecio".

E num repelão:

"Enfim, se sofro, não me aborreço, nem a outros, com as minhas queixas - e agora, até outra, pois as tentações aí estão, em torno da minha mesa, sobre ela, bem à mão".

A 29 de maio, anotando o folheto de Taunay, "Algumas verdades", a propósito da República: "Pela evolução, sempre a quis; seria a prova do desenvolvimento, sobretudo moral, do Brasil".

O trono ficava, cada vez, mais longe. "...E só penso na posição que ocupei, por ela permitir-me prestar mais facilmente serviços à nossa terra".

As perspectivas do passado apagavam-se, num panorama de recordações que doíam...

Para a saúde, porém, lhe recomendavam as águas de Vichy.

Seguiu para a cidade balneária, em junho.

O repouso e a cura hepática permitir-lhe-iam concluir os originais do livrinho que desejava publicar naquele ano: as suas poesias hebraico-provençais. Um funesto contratempo amargurou-lhe a estação: extraindo um calo do Imperador, o calista o fez desastradamente; a ferida complicou-se no trajeto de Versalhes para Vichy; à iminência da gangrena, teve de ser chamado o cirurgião Poucet. Mas Motta Maia já o havia medicado convenientemente. O tratamento antisséptico atalhou o mal. Um pequeno descuido, seria a morte.

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