O rei filósofo: vida de D. Pedro II

- Estudem-me; estudem-me bem, para prazer meu, e dos seus. Sempre soube ser, e continuo bom estudante. Há que aprender, e desaprender até à morte".

Era outro homem, vinte dias mais tarde:

"Em poucos dias poderei partir daqui para o Auvergne (participava a Taunay), que desejo conhecer. Minha futura digressão já está fixada. Muito aproveitei do De bello gallico que descreve a região de Vichy, cujos contornos já na realidade percorri".

Traçou, com letra firme, o prólogo da versão das poesias judaico-provençais, em 1.° de agosto. Iniciara aquele trabalho em 9 de abril, em Cannes; completara-o em 30 de julho. Publicou-lhe o opúsculo, em Avinhão, o rabino Mossé, que lhe levara, em Cannes, o Ritual Contadin. Podia distribuí-lo, entre os amigos, a 24 de setembro. Satisfizera um velho sonho: o seu livro!

A "Fé de ofício" era a despedida política.

De outras "disposições" não necessitava, quem tão pouco tinha para repartir...

Apesar da "digressão fixada", ia ficando...

"Nada lhe direi do que se refere ao meu caráter, e apenas repetirei o verso de Camões que sempre me inspirou e me inspira.

"A minha pátria amei, e a minha gente".

Isto confidenciava ao fiel Taunay, em 5 de setembro. E no dia 15:

"Tenho as minhas traduções da Bíblia e das Mil e Uma Noites sofrivelmente adiantadas. Também releio a Odisséa, mas, desde muito tempo, comparando com o original as traduções do Odorico, reparo que bom mostra não saber o grego, lançando mão das traduções de Piedemonte, de outras e dos comentadores.

O rei filósofo: vida de D. Pedro II  - Página 462 - Thumb Visualização
Formato
Texto