pretendera varrer a Igreja; a República, como ordem mental, como outra "forma" de organização social, substituía o Império; desapareceram "vossas excelências", e todos se tratavam por "vós"; apenas alguns caturras insistiam em assinar-se barões ou viscondes; o "encilhamento" desequilibrara o consenso público, a latente agitação do país fizera o resto... Governo forte, repressão da imprensa de oposição, jacobinismo enfurecido (devia-se pôr abaixo a estátua de D. Pedro I, raspara-se das fachadas dos prédios o escudo imperial, andara-se a demolir quanto símbolo falasse da monarquia defunta, entre ruidosas cóleras populares), intolerância, frenesi de Bolsa, acomodação tímida, produziam um ambiente nervoso e indefinível. Começara a série de reformas, com a bandeira nacional. Quiseram mudar o nome do cemitério de S. João Batista, para Sul-Colombiano. Nada de religião... O provedor da Santa Casa, Paulino, replicou serenamente: Tomo nota da ideia; mas convém, antes da execução, saber se os que lá se acham têm até agora motivos de queixa ou aborrecimento contra esse nome de S. João Batista... A própria fórmula, "Deus guarde", fora preterida por outra, francesa, "Saúde e fraternidade". Paulino resistiu-lhe: "Não me é lícito aceder à indicação de V. Ex.ª, porquanto neste estabelecimento ainda há Deus..." O carro do Estado leigo triturava, numa áspera escalada, um chão de relíquias. Seria lógico que a um repelão mais insólito se desbancasse Deodoro de sua boleia. Foi o que aconteceu.
A oposição do Congresso ao marechal, levara-o a dissolver a representação nacional. Que sobreviria, ao golpe? A República constitucionalizara-se, mas enveredava, desnorteada, pela ilegalidade, a que se seguiriam os motins, a sangueira que o Imperador poupara, em 89.