Acho que poderei apresentar-me lá. Mas não tenho somente que pensar em mim... - Precisava conversar com Isabel. Pensava nos filhos desta. Em todo caso, não exerceria mais, como dantes, o governo: desprender-se-ia...
Nunca tinha conspirado.
No exílio não conspirou.
Fugia... Dos vãos interesses, e da existência que lhe pesava. As novidades do Brasil acabrunhavam-no. "Que não quebrem as cabeças" - recomendara a Francisco Cunha, diplomata da República, que fizera questão de conhecer.
Mr. Tachard, diplomata francês, amigo de Silveira Martins, dissuadira Pires Brandão: - Deixem o soberano desterrado acabar em paz os poucos dias, que lhe restam, aqui mesmo, na Europa. Pouco viverá. Se vocês carecem de um imperador compatível com a força e a grandeza do Brasil, recorram... a Gaspar. Não é um homem, é um monstro; reinará como os deuses da mitologia grega...
D. Pedro II tudo daria para ir acabar seus dias esquecidamente, caladamente, no fundo da Quinta onde nascera.
Não se animava a exprimir esse voto.
Havia a Academia das Ciências... Em 23 de dezembro, elegia-se novo sócio. Foi ao palácio Mazarino, para a cerimônia. Cortava o espaço uma aragem glacial. A tarde incolor envolvera a cidade na sua temperatura, na sua gravidade, na sua poesia de "vieux Paris". À saída, mandou tocar o carro aberto pelos arredores. Deslisava o Sena escuro e murmurante entre as margens de um verde desmaiado; e, no horizonte, as árvores desfolhadas rompiam, com os galhos cinzentos, a bruma que restejava... Voltou mais recolhido