O rei filósofo: vida de D. Pedro II

continue na tutela de S. M. I. o sr. D. Pedro II e de suas Augustas Irmãs", a regência o suspendeu das funções e nomeou para o lugar o marquês de Itanhaém. Às nove da manhã seguinte apareceu em S. Cristóvão o juiz de paz de S. José, José Silveira do Pilar, com os decretos e uma força de cavalaria.

Repetiu-se, agravado pela teimosia do velho paulista, o drama da madrugada de 7 de abril.

Intimavam-lhe outra abdicação.

Não cumpriria a ordem. Não saía do posto. Não deixaria o paço.

Circulavam pelos corredores vultos suspeitos. Sabia-se de gente e armamento ocultos, com os serviçais, muitos portugueses espiando, nos cômodos reservados, o momento de saltar em socorro dos meninos e do tutor. José Bonifácio não cedia. O juiz de paz ameaçou, com a violência. Mandou-lhe ordem de prisão, que ele desprezou. E alguma cousa de trágico, de espantoso sucederia, se depois do meio-dia não surgissem o marquês de Itanhaém e os generais José Joaquim de Lima e Silva e Cunha Matos, para, com a posse daquele, e a autoridade destes, evitar o conflito.

Às duas da tarde apeou-se aflitamente de sua carruagem o barão Daiser. Esse personagem representava o avô do imperador, portanto falava pela família, e não escondia o propósito de intervir, com a energia de duplo delegado, de S. M. Apostólica e do corpo diplomático.

Abrandaram-se então os ânimos. O duro Andrada rendeu-se à intimação da regência, para recolher-se preso na ilha de Paquetá. Uma sege levou-o, em companhia do capitão Gabiso, seu sobrinho, para a rampa da praia de S. Cristóvão, onde embarcou, no mesmo sítio das despedidas de D. Pedro I; e um escaler

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