do Arsenal o transportou para o sossegado degredo, que lhe emolduraria, com as palmeiras heráldicas, a velhice desencantada. As crianças imperiais foram transferidas para o Paço da Cidade e a polícia pôde ainda prender numerosos guarda-costas, distribuídos pela Quinta. Essas capturas, ao cabo de um dia agitado, encerravam um período da história nacional. Além do deposto imperador, era a sua influência, o que de mais direto restara dele, que dali se arrancara, ao clarão das baionetas, banindo-se, repetidamente, o monarca, e o seu espírito.
Itanhaém, quinquagenário, educado no enciclopedismo do século XVIII, sabendo de tudo um pouco, era um fidalgo honesto e céptico na sua cultura sem profundeza e na sua virtude sem misticismo.
Lembrado por Aureliano, foi a vitória deste, a segurança de que no Paço não entraria mais o sectarismo do passado. D. Mariana de Verna, pessoalmente incompatível com José Bonifácio, tinha deixado a Quinta, à espera de que os regentes a repusessem no posto. Aureliano escreveu-lhe um jubiloso bilhete: "Parabéns, minha Sra., custou, mas demos com o colosso em terra: a conspiração estava disposta para arrebentar qualquer destes dias..." E Paulo Barbosa da Silva: "Está o tutor preso... Digne-se receber meus parabéns". A volta da Dadama retirando-se a condessa de Itapagipe, fiel ao tutor demitido - normalizou a vida no Paço da Cidade, onde continuaram por vários meses ainda. Por isso o regresso a S. Cristóvão constituiu uma verdadeira libertação, para as crianças prisioneiras do casarão monástico da beira-mar, tão antipático e sombrio em comparação com a frescura e o espaço que tinham acolá.