O rei filósofo: vida de D. Pedro II

IV

ENTRE A DAMA E O FRADE


O menino era precoce na inteligência, fraco de corpo, cada vez mais Áustria no amor do estudo, notavelmente Bourbon pela memória tenaz e sujeito, na crise de crescimento, a acidentes epilépticos que lhe acusavam a herança paterna.

Nesse misto de influências havia um doloroso enigma.

A que avô equilibrado ou enfermo saíra ele, descendente de reis sábios, loucos, santos, degenerados?...

Nada tinha, no físico, dos parentes portugueses. Era loiro, prognata, macrocéfalo, delgado e manso como um pequeno arquiduque vienense. Os seus retratos, aos 14 anos, lembram um pouco o primo-irmão, duque de Reichstadt; aos 23 se pareceria com os primos Maximiliano, o que acabou no México, e Francisco José, o longevo imperador. A imperatriz Leopoldina marcara-o vivamente com a sua espiritualidade e a sua raça: era a mãe, nos olhos de um azul glauco, no oiro velho dos cabelos, no queixo dinástico, na fronte alta, cujo abaulado adquiria, nos retratos da finada, o prestígio de linha característica - sobretudo no apetite de

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