O rei filósofo: vida de D. Pedro II

leitura, na propensão para as atividades mentais, nos costumes austeros, tão fora das tradições de Bragança.

Francisco II e Metternich nunca lhe tiveram amizade, nem se recordaram dele senão para mandar que o barão Daiser, em uniforme, brandindo a sua bengala diplomática, o salvasse de algum desacato. Fernando I d'Áustria seria seu padrinho de crisma, em 1839: quando estivesse com o pé no trono, para a escalada... A tia Maria Luiza, esta, do seu alegre ducado de Parma, recordar-se-ia do colateral d'América (les sauvages...) para enviar-lhe a grã-cruz de S. Jorge: após a coroação, em 41...(4) Nota do Autor Mas, se o conhecessem, achariam espantoso isto: um belo principezinho germânico muito ufano de ser brasileiro, sabendo das cousas da Europa como de um mundo fantástico, por intermédio dos professores sisudos, empenhados em apagar-lhe os gloriosos impulsos ancestrais... E vingaria, a planta exótica? A saúde era delicada. Ressentia-se do artificialismo que o cercava, da nostalgia da Quinta, da monótona regularidade do horário, do sistema implacável de educação, com os minutos contados, como nos conventos, que devia habituá-lo a ser pontual como uma máquina.

Quando, em 1837, o deputado Rafael de Carvalho visitou S. Cristóvão, não ocultou a consternação diante da tristeza que lá havia. Os divertimentos do Imperador consistiam num bote, que deslisava na água parada de um tanque, num jogo de cavalinhos e num teatrinho, onde as princesas e o irmão tinham de interpretar papéis infantis, em francês(5), Nota do Autor para o tutor, D. Mariana, as açafatas embrulhadas nos seus xales. O pano

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