estar já descansado..." Estava, desde 24 de setembro. Estirado sobre os troféus da guerra ganha, dormia, entre os de sua família, na cripta de S. Vicente de Fora.
A notícia foi transmitida aos três órfãos por três pessoas diferentes. Lançaram-se nos braços uns dos outros, muito pálidos, e depois prorromperam em convulsivo pranto... No dia 2 de janeiro, vestindo luto pesado, assistiram na Capela Imperial às exéquias solenes... "D. Pedro não morreu (gritava, de Paquetá, José Bonifácio). Só morrem os homens vulgares, e não os heróis"(6). Nota do Autor
Ali estavam, sem mais parentes, confiados à nação, de relações cortadas com a Europa, rodeados de pesarosas fisionomias que os lastimavam... No ano seguinte, extinguiu-se aquele inútil avô d'Áustria. O homem que, no Congresso de Viena, gastara em banquetes 50 mil florins por dia, hoteleiro do continente, espécie de Lucullo de uma sociedade agonizante - não pensara mais na vergôntea americana, de sua árvore augusta. Junto dele, Metternich silenciara sistematicamente, sobre os Habsburgos d'além-mar. No seu Diário, cheio de pequeninas notas, não há uma lágrima vertida em honra de D. Leopoldina, e a propósito da morte de D. João VI esta frase só: "Le Roi de Portugal m'eût fait grand plaisir en continuant à vivre"(7). Nota do Autor Mas eram amarras decepadas... O desaparecimento de Pedro I afundara no mesmo remoinho o sebastianismo de José Bonifácio e o passado conservador. Os homens do dia arfavam nas suas paixões rudes e a fogueira das ideias escondia, com as chamas altas, o vulto daquele trono