Essas providências eram excelentes. Na prática, porém, não poderiam dar muito resultado. A prova de haver sido a terra cultivada pelo próprio sesmeiro, ou por outra pessoa, não seria fácil, nem mesmo possível, depois de mais de 70 anos, decorridos entre a concessão da sesmaria e o inquérito do ouvidor do Maranhão. As fazendas dos jesuítas, por exemplo, nas cercanias da vila da Mocha, tornavam-se objeto de uma questão séria, entre o ouvidor da Vila e o Colégio da Companhia de Jesus da cidade da Bahia. Este se queixava da violência do Ouvidor, que por seu lado afirmava ter sido excomungado, pelo fato de andar fazendo um tombo das fazendas da capitania, na conformidade de uma ordem régia. Para que se possa ter uma ideia das paixões despertadas por esses prélios, leia-se o que escrevia o Ouvidor da Vila da Mocha:
"O Ouvidor da Mocha lhe dera conta de que andando fazendo um tombo das fazendas da capitania, na conformidade de uma ordem régia, mandara notificar ao administrador das fazendas que os padres jesuítas possuem na capitania, e prosseguindo-se nos meios ordinários, resultara disto o superior daquelas casas passar ao excesso de declarar por excomungado, por autoridade própria, ao dito ministro, e publicando uma declaratória por ele assinada, de que resultaram bastantes desordens, dividindo-se aqueles miseráveis povos em parcialidades e pondo-se nos termos de haver levante."
Em 1755, substituía-se esse Ouvidor da Mocha pelo Ouvidor-Geral da Capitania do Pará, Dr. João da Cruz Diniz, que seguiu para o Piauí acompanhado de um agrimensor, a fim de sindicar os fatos ocorridos em torno das questões de terras da capitania. Mas em 1758 era mandado ao Maranhão e Piauí um Desembargador da