1529, Diogo Ribeiro explicava o desconhecimento da costa do norte, justificando-o: "Em toda esta costa desde o Rio Doce até o Cabo de São Roque, não se achou cousa de proveito. Esta costa foi uma ou duas vezes visitada, desde que se descobriram as Índias e daí para cá ninguém voltou a ela." O "Rio Doce" corresponde aí ao Amazonas, como reminiscência do grande rio de água doce, a que se referem os primeiros navegadores.
A história inicial dessas paragens afigura-se antes uma crônica de naufrágios. Já os encontramos nas expedições de Aires da Cunha e dos filhos de João de Barros, vimo-los também na empresa da Luís de Melo. Devemos acrescentar a esses nomes o de um certo Nicolau Resende, cuja embarcação soçobrou nos baixos do Maranhão. Ele deu notícia do litoral vizinho ao delta do Parnaíba, que era então o Rio Grande dos tapuias. Gabriel Soares se baseia nesse testemunho, para a descrição que nos legou desse grande curso d'água, que se sabia vir de muito longe. A costa próxima ao delta era apresentada como escalvada ou coberta de palmares bravos.
As lutas com os franceses tornaram frequentado esse trecho do litoral. O Rio Parnaíba aparece constantemente, ora como o Pará, de Diogo de Campos e Martim Soares Moreno, ora como o "Paraoçu" de Bento Maciel Parente. Os franceses deviam ter tido conhecimento dessa faixa litorânea, como se poderia depreender da circunstância de ter sido um francês, alcunhado Tuim-mirim, um dos intérpretes da expedição de Pero Coelho a Ibiapaba, exatamente por ser bom conhecedor da costa.
A esse tempo, já estava acreditada a viagem por terra, numa extensão total, que o Padre Luís Figueira estimava em perto de 330 léguas, entre Pernambuco e o Maranhão. A expedição de Pero Coelho fizera o percurso até às margens do Parnaíba, a que então denominava "Punaré".