O devassamento do Piauí

Pernambuco havia apenas 15 dias por mar ou por terra, em percursos certos e seguros. Estevam Soares de Albergaria concordava com a tese, orçando em 150 léguas a distância entre o Maranhão e o Ceará e insistindo nos embaraços da navegação e na oposição do gentio feroz, enquanto para Pernambuco o acesso era fácil. Bento Maciel Parente contraditava quase todas essas arguições. O Ceará, para ele, ficava a 120 léguas do Maranhão e o mar era hostil, mas no inverno a viagem se tornava possível, em quatro dias, enquanto do Ceará a Pernambuco estiravam-se 170 léguas mais ou menos, numa viagem que levava mais de um mês e que também não era fácil no inverno.

O Padre Pedrosa, do Colégio do Maranhão, afirmava que "nem se pode negar que favorece muito esta antiga comunicação a nova experiência de que esta costa até os confins do Ceará é navegável em canoas tomadas nas monções do inverno" (1) Nota do Autor.

Um Regimento de Pilotos e Roteiro da navegação e conquista do Brasil, etc., pelo Desembargador Antônio de Mariz Carneiro, contém algumas informações de interesse para o conhecimento desse trecho do litoral. Data do ano de 1665 e vem em Studart. (Documentos para a História do Brasil, vol. IV, págs. 65 e segs.) Sobre as proximidades do Parnaíba diz o seguinte: — "Partindo deste Rio (rio da Cruz) se corre a costa a Loeste, he terra muito rasa, e terás tal aviso que o mais perto que te achares da terra sejam duas leguas com qualquer embarcação, por causa dos muitos parceis que botam ao mar perto de duas leguas e advirto-te que nesta terra ha muitos contrarios, que a qualquer parte que chegares os verás em bandos, porque duas leguas que fores ao mar

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