daquelas serranias, ou pederneiras, há cavernas, sumidouros e veredas mais extensas, por onde façam a sua carreira muitas delas. A terra, que corre por cima destas serranias, é toda rasa, a que chamam tabuleiros e por eles fazem o seu caminho os que sobem para os sertões e Minas, ou descem por ele abaixo. O que mais se deve notar, e todos admiram, e viu o padre definidor Frei Francisco da Conceição Trigueiros, descendo das Minas por este caminho, é que fazendo o rio seu curso por entre as pederneiras da parte de cima, como cem braças, com pouca diferença, antes de chegar ao suposto sumidouro das serranias debaixo, faz a terra neste meio uma baixa, como vale ou campina, com a mesma largura pela circunferência de cada uma das partes e pelo meio desta, por outro canal também estreito, que terá de duas até quatro braças, e afirmam alguns, que se não fora o temor ou tremor, que causa aos que a ele querem chegar, e o mesmo dizem do outro canal, que corre entre as serranias do suposto sumidouro, se poderiam tomar os vãos destes dois canais com um bom salto. E fora disto, que sem dúvida causa espanto e admiração, a faz ainda mais notável, aos que chegam ao alto que desce para este vale, é verem as águas do rio, ao sair das serranias de cima, encaminhadas todas ao princípio, logo que caem dos altos, por este canal da varge, se não veem mais, até que chegam ao princípio das serranias debaixo, aonde aparecem outra vez, quando se vão a encanar pelo estreito, que chamam sumidouro, sem se poder averiguar o como se escondem e correm por este canal da varge, tanta multidão de águas, sem se poder distinguir os que ao descer para a varge e primeiro alto, estão vendo entrar da parte de cima e sair pela debaixo. Ver-se o canal, e não aparecer o rio, e só quando vai cheio, então cobre todo este vale".
No livro de Teodoro Sampaio a respeito do S. Francisco, encontramos dois trechos que tratam do sumidouro.