O devassamento do Piauí

expedição demorou-se oito meses na viagem, que passou de 500 léguas, segundo o cálculo que se lê no Padre Betendorf. Os chefes desta última "acharam pelo sol que tinham chegado mais de seis graus da banda do sul, que é pouco mais ou menos a altura da Paraíba". Arrebanharam mil índios "potis ou potiguaras", em que padeceram grandíssimos trabalhos, "vencendo dificuldades que pareciam invencíveis; estava esta gente distante do rio Tocantins um mês de caminho, ou não caminho, porque tudo são bosques cerrados e rochedos de grandes lajes e serras". Enfim, resumia o cronista, depois de dois meses de contínuo e excessivo trabalho, chegaram os padres com esta gente ao rio, embarcando-a para as aldeias do Pará.

Infelizmente, não se pode determinar a orientação exata desse percurso. Um mês para a ida, dois meses para a volta ao rio Tocantins.

Mas de que ponto do rio Tocantins eles partiram? Foram para leste, ou para oeste? Há, apenas, conjecturas, a impressão de que é mais provável tenham seguido no rumo do litoral. Não se duvida de que os "potiguares" da narrativa são os mesmos que habitavam as costas nordestinas. A circunstância da altura a que havia chegado a expedição (mais de seis graus da banda do sul), favorece a conjectura.

Considerando em conjunto todas essas viagens e a variedade dos roteiros que as conduziam, pode-se concluir que não teria caráter de descobrimento a passagem de Sebastião Pais de Barros, Cabo paulista, que em 1672 atravessava uma enorme zona sertaneja, de S. Paulo ao Tocantins. O mesmo se poderia dizer de outro paulista, Francisco Dias de Siqueira, que um pouco mais tarde percorria a região piauiense, combatendo algumas nações de seu gentio.

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