Etnologia brasileira: fulniô, os últimos tapuias

c) Nos dialetos cariris, há nomes que não admitem o possessivo: "homem" (tçõhò) e "céu" (ecuwõbuyê), por exemplo. Esse fenômeno é estranho ao yãthê.

d) Como já se viu, os comparativos formam-se, no yãthê, com a preposição sesa, equivalente ao prae latino. Nos dialetos cariris há vários modos de formar o comparativo: "isto é bom, estoutro é mau (urò dicanghiri, urò iburè); "a carne é mais gostosa do que o peixe" (ità cradzò bò mydzè, com a ajuda da preposição ).

e) O sistema numeral cariri difere do do yãthê. Nos dialetos cariris, existem "um" (bihè), "dois" (wacháni) e "três" (wachánidikiè). "Sete" é dois + os dedos da mão; "dez" vale por todos; "vinte" traduz-se por todos os dedos das mãos e dos pés(432)Nota do Autor.

A língua dos Fulniô, por ser aglutinante e polissintética, apresenta, naturalmente, traços comuns como os dialetos cariris; mas, enquanto os dialetos cariris já alcançaram o estágio dissilábico, o yãthê ainda mantém palavras radicais monossilábicas. Demais, essas duas línguas, a dos Fulniô e a dos Cariri, possuem gênios fonéticos quase totalmente diversos. Os elementos consonantais ba, be e bo, comuns nos dialetos cariris(433)Nota do Autor, não existem no yãthê, que das dentais só conhece os fonemas t e d e das labiais a explosiva p. O fonema r é inexistente no yãthê, assim como os fonemas dz, kr, gr e ng, familiares aos dialetos cariris. Por outro lado, as vogais iterativas(434)Nota do Autor existem no yãthê e nunca

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