Etnologia brasileira: fulniô, os últimos tapuias

do sertão baixo, conservado, nos meses de estiagem, nas folhas do pereiro ou do avelós, não basta para manter uma dieta equilibrada. O bró da macambira e a farinha de mucunã são fantasmas, que se erguem, quase todos os anos, no caminho dos caboclos dessa zona de transição. Zona de transição que chegou a influir na contextura dos seus mitos. O simbolismo do "sacrifício", com o qual os Fulniô iniciavam, até há bem poucos anos, a etiqueta do longo retiro anual, lembra, em certos aspectos, as cerimônias do "Grande Jejum", praticadas pelos Xerente(442)Nota do Autor. Na ansiedade com que os Fulniô procuram preservar a língua e os segredos dos ritos ouricurianos acha-se uma das características mais importantes do ethos da comunidade indígena que habita o vale do Ipanema.

Pioneiros

5. - Cabe a Mário Melo a prioridade na divulgação do nome da língua dos Fulniô. O seu valioso ensaio, acompanhado de dois vocabulários, chamou a atenção do mundo científico para aqueles índios. Depois de Mário Melo, merece especial relevo os estudos de Pompeu Sobrinho, que igualmente foi, salvo engano, o primeiro antropologista a fazer referência às cinco sipes dos Fulniô, por ele denominadas de castas(443)Nota do Autor. Como tive ocasião de mostrar, os grupos tribais dos Fulniô lembram o kiyé dos indígenas, que vivem no vértice da mesopotâmia formada pelo Araguaia-Tocantins. Influenciou no critério classificatório de Pompeu Sobrinho a estratificação social, que, apesar da degenerescência cultural, se vislumbra

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