Etnologia brasileira: fulniô, os últimos tapuias

nas camadas dos indivíduos do sexo masculino, encarregados, entre os Fulniô, das práticas religiosas. Ao contrário do que ocorre entre numerosas tribos sul-americanas, onde a estratificação social "é uma consequência mais ou menos direta da instituição da chefia hereditária"(444)Nota do Autor, nos Fulniô o fenômeno resulta dos encargos e atribuições religiosas.

Não devo esquecer, todavia, a obra de Max Henri Boudin, que conseguiu desvendar, em grande parte, o sigilo dos ritos ouricurianos, há tantos anos resguardado da curiosidade profana. Deve-se ainda a esse linguista um dos mais completos trabalhos a respeito do dialeto fulniô.

Sugestões

6. - O tradicional litígio pela posse das terras do patrimônio indígena envolve os Fulniô numa atmosfera de desconfianças e de prevenções. Esse estado de ânimo agrava-se em face da incompreensão, por parte dos chamados neobrasileiros, a respeito da conduta, em aparência negativa, que caracteriza o indígena. Consideram-nos preguiçosos ou malandros.

"Quatro séculos de civilização ocidental [escrevia Alípio Bandeira(445)Nota do Autor, há mais de 30 anos, referindo-se aos Potiguara da Bahia da Traição] passaram pela estirpe desses homens. Eles são, portanto, no mínimo, a décima geração de aborígenes aboletados conosco. Frequentam as vilas, conhecem as cidades e têm suas moradias, como quaisquer outros sertanejos, à beira das estradas. Aí recebem o mascate e o tropeiro, o professor e

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