Império. D. Pedro I fora-se, na madrugada da abdicação, como um estrangeiro. A nação quisera rei nosso, nascido no Rio de Janeiro, criado entre as árvores de um arrabalde carioca. D. Pedro II subira ao trono graças à água do seu batismo: não importava o queixo de arquiduque vienense, a sua barba doirada de neto do Imperador Francisco II, a velha raça que lhe acentuava, no prognatismo austríaco, dos retratos reais de Velasquez, a origem augusta. Respirara, no berço, o ar cheiroso da mata fluminense; isto bastava. Pois D. Afonso lhe continuaria a fortuna e o nome. Outros filhos viriam. As princesas do grupo italiano de Bourbon eram fecundas, inexcedíveis mães de família. Maria Carolina, filha de Maria Tereza, dera a Fernando I, das Duas Sicílias - em 21 anos - dezoito filhos. Xavier-Francisco, seu sucessor, da infanta de Espanha Maria Isabel tivera doze. Entre estes, Fernando II, Francisco de Paula, cunhado de D. Pedro II por ter desposado D. Januaria, e Tereza Cristina. Também 17 meses após o advento de D. Afonso a Imperatriz - na tarde de 29 de julho de 1846 - deu á luz uma menina.
Eram 6 horas e 25 minutos.
Fora às sete horas da manhã que o Castelo emitira o sinal dos primeiros incômodos de Sua Majestade. Na Câmara, o vice-presidente Teófilo Ottoni, aguçando o esguio perfil de carbonário desiludido, dera uma inflexão quase cortesã - ele, que se gabava de jamais ter beijado a mão ao Imperador - à sua declaração de fim do expediente: "No caso de ter lugar hoje o bom sucesso de sua majestade a Imperatriz, fica esta ordem do dia para sexta-feira, porque o sr. 1.° secretário me informa que então não é possível haver casa"(1). Nota do Autor Na sua alta cadeira aquele rebelde do passado,