A Princesa Isabel - a Redentora

que não se curvava ao presente, visivelmente se comovia em face do futuro. O legislativo não funcionou na quinta-feira. Enchera-se o Paço de ministros de casaca, moços fidalgos de calção e vereadores de levita, os familiares, as autoridades, os títulos da corte. O físico-mor Candido Borges Monteiro desempenhou-se dextra e rapidamente. Às sete menos 13 da tarde reboou no Castelo a salva esperada. Rastilhou, alegre, a notícia. Os juízes de paz aguardavam-na, com as fanfarras prontas, as girandolas com lume junto, para a sua manifestação de estilo. Bandas de música percorreram as ruas. Improvisaram-se festas populares. O Jornal do Commercio, no dia imediato, publicou um aviso oficial. Tinha a sobriedade dos editais da Ilustríssima Câmara:

"Havendo a Divina Providência felicitado a este Império com o nascimento, que hontem teve lugar, de uma princesa, por ordem de S. M. o Imperador se faz público que o mesmo Augusto Senhor se digna receber hoje, pela uma hora da tarde, em grande gala, no paço de S. Cristóvão, por tão fausto motivo, o cortejo das pessoas que a este ato costumam ser admitidas, na conformidade dos avisos sobre este objeto já expedidos em 6 do corrente. Secretaria de estado dos negócios do Império em 30 de julho de 1846. Antonio José de Paiva Guedes de Andrade."

As folhas noticiaram, com emoção: a Imperatriz e a princesinha passavam bem. Poetas divulgaram ditirambos em louvor da recém-nascida. Antonio José Ferreira Cavalcanti, em versos medíocres, profetizou:

"Conduzida ao seu reino em áurea nuvem..."

Desejavam-lhe longevidade e glória. - Uma rapariga! - meditava o Imperador um tanto perturbado.

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