Povoamento da cidade do Salvador

O que poderia parecer curteza de vistas, foi clarividência e sabedoria de "experiências feitas". Para não se arriscar a lutas que ultrapassavam as suas forças, preferiu o rei silenciar sobre o precioso achado. Ainda quando no Brasil não houvesse metais a explorar ou outra riqueza considerável de que tirar proveito, a vastidão das suas terras era tal que havia de justificar a cobiça de tantas nações em plena sazão de expansionismo. Na verdade, não convinha divulgar na Europa ambiciosa e sem escrúpulos da época a existência de terras assim tão belas, extensas, de bons ares e quiçá ocultando riquezas insuspeitadas. Mesmo que fosse apenas uma ilha, como se pensou de começo, serviria no mínimo para aguada das esquadras que demandavam o Oriente, utilidade militar e comercial que bastaria para legitimar o silêncio.

O reconhecimento da terra, contudo, começou imediatamente. O próprio descobridor percorreu parte do litoral, determinou breves incursões dos seus homens floresta a dentro e tomou o alvitre de deixar entre os gentios dois degredados para aprender a língua dos índios e "saber de seu viver e maneira". Feito esse reconhecimento preliminar, Cabral, antes de prosseguir para Calicute, despachou para a corte uma das suas naus com a notícia do sucesso. Essa nau chegou a Lisboa nos meados do mesmo ano de 1500. Enquanto não expedia para a Ilha de Vera Cruz uma esquadra que firmasse oficialmente a posse da terra e a explorasse melhor, manteve-se D. Manuel em silêncio: nem aos seus sogros, os reis de Espanha, deu qualquer notícia. Os preparativos dessa esquadra e a procura de pilotos experimentados e geógrafos capazes,(62) Nota do Autor fizeram com que somente

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