Vida de D.Pedro I, o rei cavaleiro

artilharia salva, a diplomacia move-se, a nobreza sorri - à noticia de mais um parto feliz que augura à casa reinante novos loiros. Apenas, maledicente, a opinião das ruas discorda. Acha que o regente é enganado, que a Igreja é ludibriada, que a dinastia sofre na sua boa-fé, e indigitam-se válidos. O London Observer, quando nasceu D. Miguel, informara, com escândalo, que D. João não se julgava pai da criança: havia dous anos rompera com a consorte! Segreda-se que os filhos do príncipe são D. Pedro e D. Isabel Maria, aliás os únicos que verdadeiramente o respeitam. Dous somente. Insiste-se: que D. Ana de Jesus Maria (nascida em 23 de dezembro de 1806), D. Maria Francisca e D. Miguel poderiam usar três patronímicos diferentes. Fala-se por último no marquês de Marialva, D. Pedro, cavalheiresco e riquíssimo. D. João, displicente, obeso, a farda enodoada muito velha, como as fardas do grande Frederico, com quem ele só se parecia no amor da música e na parcimônia - aceita tudo, mais indiferente que convencido, disposto a aturar todas as afrontas do destino em bem da sua beata paz. Une-se a Lobato. Principalmente depois do falecimento do ministro Vila Verde. Lobato é o companheiro, o conselheiro, o enfermeiro, o alcaiote, o apêndice do príncipe. Vão juntos para Mafra. Consolam-se. Trocam-se confidências, íntimos, inseparáveis. Aquele homem, para o bom D. João, é o amigo.

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