Vida de D.Pedro I, o rei cavaleiro

de D. João IV, de D. Pedro II e de D. João V; mas a França o apavora. Batera o mundo. Vencera a Áustria, a Prússia, a Grande Rússia. A estrela de Napoleão ofuscava. A Itália, o Egito, a coroação, Austerlitz, foram sucessos fulminantes que tinham do raio o clarão e a rapidez. D. João não lhe resistiria. Também não sabia resistir à antiga aliada que não esperava no Tamisa que o regente de Portugal cumprisse os tratados seculares. Examinava no Tejo, com as naus de Trafalgar, o terror do seu bambo amigo. Lord Strangford, de monóculo entalado no olho, velava.

Os diplomatas estrangeiros foram sempre o tormento do bom D. João, que em meio de tudo ouvia Marcos Portugal nos coros de Mafra. Lannes, Junot e Strangford envelheceram o príncipe regente. Os primeiros se pareciam, ambos sargentões, malcriados e aparatosos; o terceiro, astuto, de uma prudência vulpina, dominava e triunfava pela paciência ilimitada. Lannes foi em Lisboa o primeiro representante de Napoleão; seguira-se-lhe Junot, cuja mulher, a espiritual Clara, que tanto interessou a Metternich, deixou páginas pinturescas sobre aquela corte assustada e dócil que lhe tolerava as impertinências e os vestidos. Eles exprimiam o pensamento e a política do imperador; nada de sutilezas diplomáticas sublinhadas pelo bom gosto aristocrático; a franca e sonora rudeza dos acampamentos. A sua embaixada era a da força. A Inglaterra, ao contrário disso, mantinha em Lisboa o admirável Strangford, que em grau prodigioso possuía a capacidade de esperar. Napoleão intimou Portugal

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