de ordem de D. João, o oferecimento da mão de D. Pedro para uma filha de Murat, sua sobrinha. Reinou silêncio em torno da negociação. Mas a corte acolheu benevolamente a notícia, que transpirou: não importava Murat fosse um soldado da fortuna, o mais esplêndido cavaleiro de França. A tranquilidade da pátria valia o sacrifício; nem seria D. Pedro a única vítima do Minotauro. Apenas Marialva não pôde, jamais, desempenhar a comissão. Em 27 de outubro, em Fontainebleau, Napoleão e Fernando VII convencionaram dividir em três pedaços Portugal e depor a dinastia de Bragança. O príncipe real de Espanha, por sua vez, suplicava ao imperador a honra de casar-se na sua família. No Memorial de Santa Helena isto vem lembrado: "Il ne cessait de me demander une femme de ma main..."(3)Nota do Autor D. João soube do tratado por intermédio de Strangford, que, incomparável em laconismo, se limitou a mostrar-lhe o "Monitor". Os olhos arrasaram-se-lhe de lágrimas, e chorou. O acordo de Fontainebleau acabava com Portugal. Uma porção dele caberia ao reino vizinho, outra seria da princesa da Etruria, em troco do seu Estado italiano, e uma terceira passaria a domínio de Godoy, príncipe da Paz, que facilitara os projetos do imperador. Marialva voltou de Madrid. D. Lourenço de Lima, o ministro em Paris mandado embora por Napoleão,