Sobe as escadas de S. Bento, entre a mulher e a filha, devagar, parando em cada degrau, a respiração difícil, como ao cabo de uma terrível carreira. O discurso fatiga-o ainda mais. À noite comparece ao teatro por instantes, visivelmente doente, sem pinta de saúde na face escaveirada, que lhe contrasta com o oiro e as gemas do uniforme. Três dias depois - as Caldas da Rainha. Diz-se que ia em busca de um lenitivo; também se afirma que, delicadamente, deixava Lisboa no momento em que se discutia a questão da regência. O imperial enfermo definha. Dia a dia, hora a hora. Arriba das águas a 24 de agosto, tão fraco e tonto, que tem de pernoitar em Vila Franca. Recolheu a Queluz. Mas logo é chamado a Lisboa, para prestar o juramento de regente constitucional, na Ajuda. Isto a 30 de agosto. A 7 de setembro o médico, João Fernandes Tavares, publicava um boletim anunciando a progressiva melhora do imperador. Era falso. Tanto que não quis mais continuar na capital. A sua dispneia exigia o largo campo; a sua vista vertiginosa pedia a luz livre; só Queluz lhe apetecia. Dita o testamento no dia 15 - cinco dias depois de ter chegado ao palácio em que nascera. Quer que o seu corpo seja dado à sepultura sem outra pompa além da usada no enterro dos generais. Era general - mais nada desejava ser. Um soldado que cumprira o seu dever. Legava ao cunhado e futuro genro Augusto de Beauharnais a sua espada. A espada da Terceira, da Ponte Ferreira, do Porto. Destinara-lhe em casamento a filha