Aos seus ouvidos continuariam a rolar os ecos da sinfonia espantosa que ao aceno da sua juventude subira das florestas da América - e jamais a felicidade lhe voltaria ao lar burguês e pobre, com a espada do Ipiranga pendurada da parede, ao lado da coroa de louros que Lisboa lhe cingira. A pequena vida da saudade e da renúncia... Morrer então, aos 36 anos, como a derradeira vítima da guerra que ele mesmo acendera - era um delicioso favor do céu. Porque saía da terra como um ator, que corretamente se despede da plateia no último ato, e se retira com a festa dos aplausos gravada na retina contente: levava nos olhos um raio de triunfo. Nem as decepções da mediania, nem, os desencantos da velhice. Na primavera da alma, quando o rosal do espírito ainda se doira com o esplendor da poesia. Na pujança da idade. Depois de ter atravessado o mundo sobre um alto cavalo de guerra, numa atitude de epopeia. General sem derrota. Disse o, almirante Napier que já olhava, por cima da fronteira, o trono de Espanha que Isabel II e D. Carlos disputavam... Três anos antes, José Bonifácio, no parlamento brasileiro, denunciara "vistas tão gigantescas"... Imperador que fizera reis aos filhos e dera às duas pátrias a sua lei suprema. Imperador-cidadão e cavaleiro. O Percival da Carta, o Condestável da rainha... Morreu na sala de D. Quixote do palácio de Queluz. Às duas e meia da tarde, quando vibrava no ar um sol criador. Na alcova em que nascera - porque a sua morte fechou um círculo. D. Quixote! A sala onde,