Na Planície Amazônica

que atravessaram. De águas turvas, de águas claras, de águas pretas, de águas verdes, de águas azuis, de águas pardas, cada afluente, ao conduzir a folha caída, o tronco de árvore, o grão de areia, é o relato em marcha, a monografia geológica e diluída de uma nesga do continente. Estradas móveis, a função desses tributários não se limita a servir de linhas de penetração ao homem e a drenar a bacia, mas, e principalmente, ao trabalho harmonioso de nivelamento, entupindo abismos, entulhando pauis, tapando precipícios. Semelhante faina é visível. Os cerros diminuem, as eminências gastam-se, as encostas esboroam-se, enquanto a planura aluviônica do fundo do vale alteia o seu colo. Depois das erosões de algumas invernadas constatam-se os topos dos outeiros desmoronados, como se fossem torres de castelos em ruínas; e, ao mesmo tempo, verificam-se palmos, pés de vasa a mais no tronco das árvores, fenômeno que contradiz a afirmativa geológica de M. Girard, citada por Büchner, de que cinco polegadas de aluvião gastam cem anos para se depositar. Casas, aí, sobre paliçadas e com escadas de dois degraus, tiveram, no assalto de duas enchentes, a fiada sedimentícia a lhes beijar o soalho. Camada telúrica rolada das alturas, corresponde a camada telúrica levantada na bacia. Se, no entanto, avançarmos para o ocidente,

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